Antônio

Uma reflexão sobre a corrupção

A política, que deveria ser a arte de gerir o bem comum, passou a ser a arte de chegar ao poder e permanecer nele indefinidamente. E não é somente exercida nos governos em suas diversas esferas. Os políticos estão por aí, nas empresas, em associações diversas, sindicatos, nos conluios, nas panelinhas, sempre a atender inconfessáveis sonhos de poder e projeção e a conspirar contra os ingênuos e mentalmente indefesos.
A ambição não olha apenas para a riqueza; olha também para os insanos sonhos de poder subjugar outras pessoas.
Os seres políticos são, em geral, personalidades travestidas de simpatia e mansidão, cruéis inquisidores, críticos ácidos de todos os que não se subjugam aos seus estreitos critérios.
O espécime político é movido por pensamentos farisaicos, medievais, cruéis. E estes pensamentos devem ser combatidos, pois todos têm um pouco desta mancha em suas mentes que endurece os corações.
Aceitar imposturas passivamente é colaborar com o mal e com a submissão. E a pior escravidão é a mental.
O corrupto é um doente que não se julga como tal. Sua atitude é de total desprezo aos semelhantes em prol de sua insana ambição. A corrupção é uma praga social que contamina as empresas, as instituições e os governos. Os corruptos são os verdadeiros agentes da miséria, da desigualdade social e da criminalidade.
Os alcances da corrupção são vastos; poderíamos dizer que qualquer atitude visando benefícios próprios em detrimento dos demais é corrupção. O conceito é amplo porque abrange a posse de riquezas e poder em prejuízo de outras pessoas. Ela é tão danosa como as agressões ao meio ambiente e está muito ligada a estes crimes. A destruição da natureza e da juventude nas guerras que se trava contra o mundo e a humanidade é o produto perverso de mentes que se vêm corrompendo há séculos. E a Natureza responde energicamente, mas as mentes endurecidas pela ignorância não compreendem.
O corrupto usa de todos os expedientes – o amparo da Lei e o nome de Deus – para consumar seus insanos sonhos de poder e riqueza.
Por detrás das atitudes do corrupto existe um pensamento obsessivo de cobiça que anula a inteligência e a sensibilidade da pessoa que é escravizada pelas quimeras de um materialismo doentio travestido de democracia, liberalismo e misericórdia. Lutar contra a corrupção implica combater esse pensamento que está em muitas partes, impregnado em nossa cultura, com possibilidades de crescer e fortalecer-se, transformando uma pessoa honesta noutra corrupta, pois é um pensamento insaciável e perturbador que pretende colocar o ser humano a serviço exclusivo dos afãs de lucro, posse e poder.
A vida não pode se resumir numa carreira insana na direção de prazeres materiais que se esfumam no momento da posse.
Lutar contra a corrupção é tarefa de todo o cidadão em qualquer esfera, pois visa ao bem comum. É restringir o campo de ação daquelas pessoas doentias através de uma constante vigilância sobre os corrompidos e sobre os corruptores. E é também lutar contra os pensamentos ambiciosos que perambulam por aí fazendo-nos esquecer que a vida deve ter outros significados além da busca exclusiva por bens materiais. Trabalhar pela educação, auspiciando o estudo e a cultura, é também uma forma de combater a cobiça, doença nefasta e base de toda a corrupção.
Antes de procurar as raízes históricas da corrupção em nosso país, remontando-nos ao Brasil – Colônia e aos primeiros dilapidadores de nossa terra e exploradores de nossos ancestrais que aqui estavam muito antes dos colonizadores que vieram trazer sua pretensa cultura em troca de riquezas que levavam para a Europa, falemos das raízes psicológicas desta doença nefasta que corrompe as mentes e endurece os corações criando miséria e injustiça social.
A corrupção é o desrespeito total à figura humana, uma atitude travestida de misericórdia e bondade, tão bem representada por pessoas que fingem parecer o que não são nos palanques, nos púlpitos, nas telas das televisões.
O corrupto é um especialista em iludir o semelhante, um camaleão social, sempre pronto e disposto a enganar as pessoas tristemente chamadas de boa-fé. Ele não mostra, não demonstra, não comprova. Seu discurso oco, sorriso cínico e olhar oblíquo têm como único objetivo enganar para se beneficiar. É um materialista incorrigível sempre a se esconder por detrás de uma máscara de bondade que se desfaz à menor e firme oposição inteligente.
A corrupção se confunde com hipocrisia, ambição, mentira e desumanidade. Geradora de guerras e desentendimentos de toda a ordem é o signo mais eloqüente da ignorância. Para combatê-la será necessário combater o atraso e as superstições de toda índole.
A vitória sobre esta doença será o fruto de um processo lento, mas contínuo, que deverá começar no ambiente familiar, nos bancos escolares, para atingir todo o tecido social, educando as crianças para a vida, a boa convivência, preservando suas mentes de pensamentos ambiciosos e agressivos, transmitindo-lhes conceitos humanitários que lhes criem uma consciência de ser humano que veja a vida como um grande campo de experiência, amizade e aprendizado, ao invés do palco onde se desenrola o triste espetáculo das desumanidades e das atrocidades dos seres que vivem a enganar a si próprios e aos demais.
A corrupção tem suas raízes no egoísmo ancestral que trazemos conosco e que nos serviu em épocas remotas nas quais deveríamos nos defender das intempéries, das feras e de nossa própria ignorância. Com o passar dos tempos, as feras que combatíamos surgiram em nossas mentes como pensamentos que agora querem nos devorar e a nossa espécie.
Será necessário aprender a nos preocupar inteligentemente conosco e com as demais pessoas, pois servir os outros é a maneira mais inteligente de servir a si mesmo. E mais do que dar o peixe, que bem sabido é que não leva a nada, ou mesmo ensinar a pescar, é importante saber se a pessoa ajudada faz bom uso do bem recebido e se o transmite às outras pessoas para que seja credora de apoio futuro.
Assim é como muitas pessoas têm encontrado no voluntariado uma maneira de combater essa praga mental que é a corrupção cujas raízes não foram ainda devidamente identificadas e eliminadas.

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