Pedofilia: padres vão à juri na sexta-feira

05 / 07 / 11

Os sacerdotes se aproveitaram do poder que tinham para explorar sexualmente os coroinhas, diz promotor

Está marcado para a próxima sexta-feira (8/7) o julgamento dos padres Luiz Marques Barbosa, Raimundo Gomes e Edílson Duarte, acusados de pedofilia, no envolvimento com coroinhas das igrejas onde trabalhavam, em Arapiraca, a 150 quilômetros de Maceió. A data do julgamento foi confirmada pelo juiz João Luiz de Azevedo Lessa, 8ª Vara Criminal da Justiça Estadual.

O julgamento está marcado para começar às 9 horas da manhã, no auditório do Fórum de Arapiraca. Os três religiosos são acusados de abusarem sexualmente os coroinhas Fabiano Silva Ferreira, Cícero Flávio Vieira Barbosa e Anderson Farias Silva, conforme denúncia apresentada Ministério Público Estadual ao juiz 8ª Vara Criminal, em março de 2011.

Para o promotor de Justiça da 8ª Vara de Execuções Penais, José Alves de Oliveira Neto, autor da denúncia contra os três padres, os sacerdotes se aproveitaram do poder que tinham para explorar sexualmente os coroinhas. Se condenados, eles pegar penas de até sete anos de prisão, como prevê o artigo 244-A, da Lei 8.069/90.

De acordo com os autos do processo, as investigações apontaram que os padres prometiam vantagens econômicas aos coroinhas para ganhar a confiança deles e depois tirar proveito das vítimas. Um dos sacerdotes, o monsenhor Luiz Barbosa chegou a ser filmado fazendo sexo oral com um dos coroinhas. Mesmo assim, os três negaram envolvimento com pedofilia.

O caso foi investigado pela CPI da Pedofilia, que chegou a realizar uma sessão pública em Arapiraca, sob o comando do senador Magno Malta (PR/ES). Durante a sessão, o senador mandou exibir o vídeo onde o padre aparece fazendo sexo com o coroinha. As imagens deixaram chocaram as pessoas que assistiam a sessão e geraram protestos da sociedade local.

Logo a sessão, o monsenhor Luiz Barbosa chegou a ser preso, já que a polícia havia encontrado em seu poder um passaporte pronto para ser utilizado em viagens internacionais. A prisão durou menos de uma semana. Desde que o escândalo foi divulgado, repercutido até no Vaticano, a Igreja Católica afastou os três sacerdotes das atividades eclesiásticas.

Segundo o juiz João Luiz de Azevedo Lessa, que irá presidir o julgamento, o júri será complexo e demorado, porque além de um assunto polêmico, o processo tem quatro volumes com mais de mil páginas e mais de 20 testemunhas arroladas. Por isso, o magistrado prevê que a sentença deve demorar de três a cinco dias para ser prolatada, após o início do julgamento.

De acordo com os magistrados, além da leitura dos autores, serão ouvidas todas as testemunhas de defesa e da acusação, além das vítimas e dos três acusados. Isso sem contar com o tempo que os advogados deverão gastar para apresentar suas alegações finais sobre o caso. Os padres não só degaram envolvimento com pedofilia, como acusaram os coroinhas de extorsão.

Durante a sessão da CPI da Pedofilia em Arapiraca, o advogado Daniel Fernandes, que fazia a defesa do mosenhor Luiz Marques, disse que os coroinhas queriam extorquir os padres, por isso fizeram a filmagem. De acordo com o advogado, as relações sexuais filmadas eram consentidas. Por isso, ele contestou a acusação de pedofilia.

A polícia chegou a abrir inquérito para apurar denúncia de extorsão contra os coroinhas, mas as investigações não prosperaram. Com base nessas acusações, a defesa deve pedir a absolvição dos padres. Como prova da extorsão, os advogados têm um documento assinado pelos coroinhas se comprometendo a não divulgar o vídeo em troca de dinheiro.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *