Há 20 anos era aberta a CPI do caso PC Farias
PC foi peça-chave no processo de impeachment do ex-presidente Collor
Em valores atuais, o “esquema PC” arrecadou exclusivamente de empresários o equivalente a R$ 15 milhões, em dois anos e meio do governo Collor.
Paulo César Cavalcante Farias, conhecido como PC Farias, foi peça-chave no processo de impeachment do ex-presidente e atual senador, Fernando Collor de Mello.
As irregularidades ligadas ao seu nome começou ainda na época da campanha quando foi tesoureiro. As acusações partiram do irmão de Collor, Pedro, em entrevista para a revista Veja em 1992. Em valores atuais, o “esquema PC” arrecadou exclusivamente de empresários privados o equivalente a US$ 8 milhões, equivalente a R$ 15 milhões, em dois anos e meio do governo Collor (1990-1992).
O escândalo acabou de forma trágica. Quatro anos depois, PC Farias foi encontrado morto, junto com sua namorada Suzana Marcolino, em Alagoas. Depois de muita confusão na apuração, envolvendo laudos distintos de dois legistas consagrados – Badan Palahares e George Sanguinetti, o caso é considerado oficialmente apenas como um crime passional apesar da suspeita de assasinato.
.: Cronologia do Caso PC Farias
15 de março de 1990 – Fernando Collor de Mello toma posse como presidente da República. Ex-prefeito de Maceió (AL) em 1979 e ex-governador de Alagoas de 1986 a 1990, Collor recebeu 35 milhões de votos, três milhões a mais do que o segundo colocado nas eleições presidenciais, Lula
Outubro de 1990 – O então presidente da Petrobras, Luiz Octávio de Motta Veiga, pede demissão e denuncia pressões do empresário Paulo César Farias (PC Farias) e do secretário-geral da Presidência, Marcos Coimbra, para aprovar um empréstimo de US$ 40 milhões à companhia aérea Vasp.
Fevereiro de 1991 – Surgem as primeiras suspeitas de compra superfaturada durante a administração Collor. As superintendências da LBA de São Paulo e do Amazonas detectam indícios de compras superfaturadas de cestas básicas.
Junho de 1991 – O Banco do Brasil paga ao Midland Bank, de Londres, parte da dívida de US$ 85,9 milhões contraída por usineiros alagoanos.
Agosto de 1991 – Sob acusações de irregularidades, a presidente da LBA, primeira-dama Rosane Collor, abandona o cargo na entidade filantrópica.
Outubro de 1991 – Denúncias apontam que o Exército realizou concorrência superfaturada para a compra de fardas.
Fevereiro de 1992 – O ministro da Ação Social, Ricardo Fiúza, admite que ganhou um jet ski de presente da construtora OAS.
Março de 1992 – Surgem denúncias de que o ex-diretor do INSS Volnei DÁvila teria recebido propina para liberar verbas do FGTS.
Maio de 1992 – O irmão de Fernando Collor, Pedro Collor, acusa PC Farias de ser o “testa-de-ferro” do presidente.
1º de junho de 1992 – O Congresso Nacional instala uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os negócios de PC Farias no governo Collor.
4 de junho de 1992 – O irmão de Collor, Pedro, depõe à CPI e acusa PC Farias de montar uma rede de tráfico de influência no governo, com a conivência do presidente.
Julho de 1992 – O motorista de Collor, Eriberto França, vai ao Congresso e confirma os depósitos de PC Farias para a secretária do presidente, Ana Acioli. No mesmo mês, França declara à revista IstoÉ que PC Farias pagava as contas da Casa da Dinda
16 de agosto de 1992 – O preto domina na guerra das cores proposta pelo presidente. A OAB decide que a entidade pedirá o impeachment de Collor quando o relatório da CPI ficar pronto.
21 de agosto de 1992 – A CPI confirma que a reforma na Casa da Dinda foi paga pela Brasil Jet. Cerca de 40 mil estudantes cariocas, convocados pela UNE, pediram o impeachment de Collor.O jornal norte-americano The New York Times comenta em editorial a situação política do Brasil sob o título Lágrima pelo Brasil.
22 de agosto de 1992 – Telefonemas anônimos afirmam que há bombas no auditório Petrônio Portella, do Senado, onde será apresentado o relatório da CPI. O senador Amir Lando (PMDB-RO) encontra um vírus no computador no qual redigia o relatório da CPI.
24 de agosto de 1992 – A CPI conclui que Collor desonrou a Presidência e tem ligações com o Esquema PC.
26 de agosto de 1992 – Depois de 85 dias de trabalho da CPI, o senador Amir Lando conclui seu relatório, que incrimina Collor. O texto é aprovado na comissão por 16 a favor e 5 contra.
Setembro de 1992 – A primeira-dama Rosane Collor é indiciada por irregularidades na LBA. O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, aponta envolvimento de Collor em crimes.
01º de setembro de 1992 – Em meio a uma onda de manifestações por todo o país, os presidentes da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, e da OAB, Marcello Laveniére, apresentam à Câmara o pedido de impeachment de Collor.
29 de setembro de 1992 – A Câmara dos Deputados vota a favor da abertura do processo de impeachment de Collor por 441 votos a favor e 33 contra.
1º de outubro de 1992 – O processo de impeachment é instaurado do Senado.
2 de outubro de 1992 – Collor é afastado da Presidência até o Senado concluir o processo de impeachment. O vice-presidente Itamar Franco assume provisoriamente o governo e começa a escolher sua equipe ministerial.
29 de dezembro de 1992 – Começa o julgamento de Collor no Senado. O presidente renuncia por meio de uma carta lida pelo advogado Moura Rocha no Senado, para evitar o impeachment.
30 de dezembro de 1992 – Por 76 votos a favor e 3 contra, Fernando Collor é condenado à perda do mandato à inelegibilidade por oito anos.
19 de julho de 1993 – PC Farias foge do Brasil num bimotor acompanhado pelo piloto Jorge Bandeira de Mello, seu sócio na empresa de táxi aéreo Brasil-Jet. A rota de fuga começa em Ibimirim (PE), com escalas em Bom Jesus da Lapa (BA), Dourados (MS) e Assunção, no Paraguai, até chegar a Buenos Aires, na Argetina, no dia 20.
30 de junho de 1993 – O juiz Pedro Paulo Castelo Branco, da 10ª Vara Federal de Brasília, decreta a prisão preventiva de Paulo César Farias (PC Farias) por crime de sonegação fiscal.
20 de outubro de 1993 – PC é localizado em Londres, na Inglaterra.
Novembro de 1993 – O governo britânico concorda em decretar a prisão preventiva de PC, obrigando o empresário a deixar o país.
29 de novembro de 1993 – PC é preso em Bangcoc, na Tailândia.
2 de dezembro de 1993 – PC embarca no Boeing 747 – 400 da Varig que faz o vôo de Hong Kong para São Paulo com escalas em Bangcoc (Tailândia) e Joahannesburgo (África do Sul).
3 de dezembro de 1993 – PC é levado para um quarto-prisão na Superintendência da Polícia Federal (PF).
13 de dezembro de 1994 – O Supremo Tribunal Federal (STF) condena PC Farias a sete anos de prisão por falsidade ideológica.
22 de dezembro de 1994 – PC deixa Brasília e é transferido para uma cela no QG do Corpo de Bombeiros em Maceió (AL).
9 de junho de 1995 – PC deixa a prisão para cumprir o resto da pena em regime aberto, tendo de respeitar o horário de recolhimento à noite, nos fins de semana e feriados.
29 de agosto de 1995 – É exibido o programa SBT Repórter em que PC afirma que Collor tinha conhecimento de todas as suas atividades na campanha.
28 de dezembro de 1995 – O STF concede liberdade condicional ao tesoureiro da campanha de Fernando Collor.
23 de junho de 1996 – Os corpos de PC Farias e sua namorada Suzana Marcolino são encontrados na casa de praia de PC, em Maceió.
9 de agosto de 1996 – O legista Fortunato Badan Palhares endossa a versão de crime passional sobre a morte de PC Farias.
17 de dezembro de 1996 – Equipe de peritos que investigou o caso descarta o suicídio de Suzana Marcolino.
15 de setembro de 1999 – Vidente de PC Farias concede entrevista à revista IstoÉ e conta que as brigas entre PC e seu irmão Augusto aconteciam por causa de dinheiro.
18 de novembro de 1999 – A polícia encerra o inquérito sobre a morte de PC e indicia oito ex-funcionários de PC Farias.
(fonte: Wikipedia)
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