MPE vai requerer depoimento do pai de Fábio Acioly

17 / 01 / 13

Após condenação, pai da vítima disse em público que acreditava na inocência dos condenados

Dando continuidade ao processo que apura a morte do estudante Fábio Acioly, agora seguindo na busca da autoria intelectual do assassinato, a 49ª Promotoria de Justiça vai requerer o depoimento do médico pediatra Paulo Medeiros, pai da vítima que, após a condenação dos dois réus que figuravam como autores materiais do crime, afirmara acreditar na inocência dos condenados Carlos Eduardo de Souza e Wanderley do Nascimento Ferreira. O pedido será feito ao juiz responsável pelo caso, Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital.

“Estaremos requerendo, até amanhã (18), ao magistrado Geraldo Amorim, a oitiva do senhor Paulo Medeiros. Se ele disse em público que não acreditava que os condenados foram os reais responsáveis pela morte do seu filho, queremos interrogá-lo e descobrir, então, o que a família sabe sobre os fatos que o Ministério Público Estadual ainda desconhece. Quem seriam os verdadeiros matadores? Quais são os elementos que os parentes possuem para alegar que o crime fora cometido por outras pessoas, que não aquelas que estavam sentadas no banco dos réus? Precisamos dessas respostas e vamos em busca delas através da própria família que, surpreendeu a todos, após o anúncio da sentença, afirmando que acreditavam na inocência dos acusados”, explicou José Antônio Malta Marques, promotor do caso.

Segundo ele, também existem outras pessoas que serão ouvidas nessa segunda fase processual. Os nomes dos próximos depoentes serão mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações. “São depoimentos que podem nos ajudar a chegar à suposta autoria intelectual. Para esta promotoria, o crime do qual foi vítima o estudante Fábio Acioly teve características de execução e estamos admitindo duas possibilidades para ele: passionalidade, que exigiria um mandante para o assassinato ou homofobia. Este último, não necessariamente, precisa de um autor intelectual. De todo modo, vamos, a partir de agora, debruçarmo-nos na continuidade das investigações”, garantiu José Antônio Malta Marques.

O julgamento

Na última terça-feira (15), Carlos Eduardo de Souza e Wanderley do Nascimento Ferreira sentaram no banco dos réus e foram condenados a 26 anos e quatro meses de prisão, ambos em regime fechado, segregados e sem direito de apelar em liberdade. Por 4×3, o Conselho de Sentença entendeu que os acusados, de fato, teriam agredido e ateado fogo no universitário Fábio Acioly.

Carlos Eduardo Souza, que já está em prisão preventiva há três anos e quatro meses e Wanderley Nascimento Ferreira, preso há três anos, tiveram subtraídos do tempo de condenação a quantidade de anos anteriormente cumpridos.

A promotoria sustentou a culpabilidade dos réus levando em consideração três provas testemunhais. Cícero Rafael, que estaria na companhia de Fábio Acioly no dia do crime e o garçom Marco Aurélio, que teria servido aos dois na mesma ocasião, no Beto’s Bar, confirmaram ter reconhecido Carlos Eduardo e Wanderley como a dupla que esteve no estabelecimento comercial na noite do crime e que, depois, teria praticado o ato ilícito. Também foi levado em consideração o depoimento do motoqueiro que socorreu a vítima. “Ele descreveu os acusados e relatou características bem semelhantes aquelas dos dois réus”, acrescentou o promotor de Justiça. Já a Defensoria Pública do Estado tentou desqualificar os depoimentos das testemunhas e alegou que elas não teriam falado a verdade em Juízo.

Relembrando o caso

O estudante Fábio Acioli foi sequestrado e, na sequência, queimado vivo, em 11 de agosto de 2009, pouco tempo depois de ter sido visto pela última vez, próximo aos coqueirais da praia de Cruz das Almas. A vítima estaria na companhia de um homem conhecido como Cícero Rafael, na orla, quando fora rendido, supostamente, por dois homens armados que o levaram dentro de seu veículo, o Peugeot MUH-6407/AL, até um canavial no Benedito Bentes. Lá, o universitário teria sido agredido fisicamente e teve 85% do seu corpo queimado. O estudante foi socorrido e conduzido a um hospital particular de Maceió, onde recebeu os primeiros socorros. Dias depois foi transferido para uma unidade de saúde em Recife/PE, mas não resistiu aos graves ferimentos e morreu no dia 26 do mesmo mês.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *