Pesquisa identifica evolução do peixe tainha da Lagoa Mundaú
O trabalho científico se desenvolveu no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e a espécie analisada é a tainha Mugil liza, popularmente conhecida em Alagoas como curimã
Um recente estudo científico desenvolvido pela pesquisadora alagoana Marcia Ferreira Sousa, tendo como alvo a tainha ou curimã da espécie Mugil liza da Lagoa Mundaú, constatou que as condições climáticas (períodos de estiagem e chuvoso) influenciam no ritmo de crescimento desse peixe tanto na fase adulta como na fase jovem. Verificou-se que na fase adulta a tainha Mugil liza diminui o ritmo de crescimento durante o período reprodutivo, que vai de junho a setembro, coincidindo com a estação chuvosa e a migração reprodutiva dos adultos para desovar no mar. Ela volta ao desenvolvimento normal de outubro até o período da reprodução seguinte. Para a tainha jovem, o crescimento diminui entre dezembro e fevereiro, no período da estiagem.
Denominada de “Determinação da idade e crescimento da tainha M. liza na Lagoa Mundaú”, a pesquisa foi tema de mestrado em “Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos”, concluído recentemente por Marcia Sousa, no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), da Universidade Federal de Alagoas. Graduada pelo curso de Biologia, pelo Campus Arapiraca, Márcia afirma que, atualmente, é a única pesquisadora, que desenvolve estudos com tainha da espécie M. liza no estuário da Lagoa Mundaú.
O trabalho contou com financiamento da Capes e da Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas (Fapeal), e para maior suporte científico teve a parceria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde Márcia Sousa fez treinamento para leitura das marcas de crescimento dos otólitos (osso do ouvido interno do peixe). No recente Congresso Nordestino de Zoologia, em Maceió, a pesquisa recebeu o certificado de “Excelência Acadêmica”, e foi uma das premiadas no evento.
Além de verificar o ritmo do crescimento da tainha M. liza, a pesquisa objetivou também saber quais os fatores que estão influenciando o aumento ou a diminuição do crescimento da espécie, que está distribuída desde o Caribe até a Argentina. A tainha é alvo constante de pesca e por ser muito apreciada tem importante valor econômico. “No Brasil, o máximo de tamanho que a tainha atinge é um metro de comprimento e peso de até oito quilos. As tainhas capturadas na Lagoa Mundaú para o estudo foram de diferentes tamanhos e pesos, ou seja, de 7 cm a 78 cm de comprimento e de 11 gramas a cinco quilos de peso. Para nós, alagoanos, a tainha também é muito simbólica, pois está na nossa bandeira”, enfatizou Marcia.
Pesca desordenada
As atividades de campo para a captura da tainha em diferentes tamanhos, deram-se durante um ano, em toda a Lagoa Mundaú, desde o Pontal da Barra ao Vergel do Lago, e, nessa ação, contou com a importante parceria dos pescadores daquela região. A análise científica se desenvolveu no Laboratório de Ecologia, Peixe e Pesca (LAEPP), instalado no Museu de História Natural da Ufal, sob a orientação da professora Nídia Noemi Fabré, atualmente cursando pós-doutorado no Reino Unido.
Durante as atividades de campo, Marcia Sousa diz ter constatado que as tainhas da Lagoa Mundaú estão superexplotadas, ou seja, são alvo de pesca desordenada, sem período de defeso. Diz acreditar que parte disso ocorre por falta de conhecimento sobre o ciclo natural do peixe e de não haver também fiscalização dos órgãos competentes. “Os pescadores da lagoa têm na atividade de pesca o seu meio de subsistência e pescam constantemente com redes de diferentes malhas, inclusive com as conhecidas tarrafas. O que termina capturando peixes jovens, prejudicando o desenvolvimento normal da espécie. Além do mais há muita poluição na Lagoa, o que compromete ainda mais o ciclo de vida da população de tainhas no referido estuário”.
Existem quatro espécies de tainha em Alagoas, todas amplamente exploradas pela pesca artesanal. Elas representam 13% do total de capturas registradas pelo Ibama em 2007, aqui no Estado. Na Lagoa Mundaú, a M. liza é a mais capturada, pelo importante valor econômico que representa. “A tainha depende do estuário (lagoas) para completar o ciclo de vida. Ela utiliza o estuário para alimentação e crescimento e quando está apta a reproduzir migra para o mar, onde desova e os indivíduos juvenis migram em direção aos estuários fazendo o caminho inverso dos adultos. Para que não haja o comprometimento desse ciclo natural é fundamental que o estuário esteja em um bom estado de conservação”.
Etapas
Para a coleta da espécie em diferentes tamanhos, foram utilizadas três tipos de rede. Para a captura de indivíduos adultos, a rede de espera, com de 1.500 metros de comprimento, três metros de altura e malha de 60 milímetros; a rede de cerco, com 700 metros de comprimento, três metros de altura e malha de 30 milímetros, para a captura de indivíduos jovens; e uma tarrafa de camarão de 12 braças e malha de 15 milímetros, para a captura de indivíduos juvens.
A pesquisa foi desenvolvidas em etapas minunciosas para determinar a idade e o crescimento da tainha M. liza. No Laboratório de Ecologia, Peixes e Pesca, os indivíduos coletados foram analisadas para identificação da espécie, sendo submetidos também à medição e pesagem. “A análise científica começa com a abertura do peixe para a verificação do sexo e o estágio de maturidade. O fígado, estômago e gônodas (ovas) também são retirados para pesagem, e o otólito (osso do ouvido interno do peixe) também foi extraído para leitura das marcas de crescimento. Estômago e fígado mais pesados, significa período de maior alimentação do peixe. O maior peso da gônoda (ova), indica o período reprodutivo da espécie adulta e a validação das marcas de crescimento nos otólitos indicam a idade do peixe”, informou Márcia Sousa.
Importância e ampliação da pesquisa
Mesmo tendo como foco a determinação da idade e o crescimento da tainha M. liza, a pesquisadora diz que esse primeiro estudo apresenta subsídios para preservação do ciclo natural da espécie, tão importante na economia local. “É necessário propor planos de manejo, como o período de defeso, para que não haja o esgotamento do estoque da tainha. Outra preocupante consequência é comprometer economicamente a vida dos pescadores que têm na pesca o seu principal ou, provavelmente, o único meio de subsistência”, frisou.
Márcia informa que para a continuidade dos estudos com tainha foi firmada uma parceria entre o Laboratório da Ufal e a Universidade de Buenos Aires para verificar se a população da espécie M. liza da Argentina faz parte do mesmo estoque da Lagoa Mundaú, em Alagoas. “Na Argentina, o peixe não completa o seu ciclo natural, diferente daqui. Ele migra de lá para fazer a reprodução, mas até então os pesquisadores da Argentina não encontraram peixes juvenis em seus estuários, o que pode ser um indicativo que se trata de mesmo estoque pesqueiro”, disse Márcia Sousa, que pretende fazer o doutorado nessa linha de pesquisa.
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