Caso PC: Fato escabroso pode anular julgamento

16 / 05 / 13

Promotor Marcos Mousinho ainda não protocolou o recurso, mas vai pedir a anulação do júri que absolveu os seguranças, nesta sexta-feira

O promotor do caso PC Farias, Marcos Mousinho, revelou nesta quinta-feira, com exclusividade para a reportagem da Folha de São Paulo, que o júri pode ser anulado, porque surgiu um “fato escabroso”. Ele confirmou que foi ontem ao Fórum de Maceió e que chegou a entrar na sala do cartório da 8ª Vara Criminal, mas não protocolou o recurso pedindo a anulação do júri que pugnou pelo duplo homicídio, responsabilizou os dois seguranças, mas decidiu inocentá-los por “clemência”.

“Não protocolei o recurso porque, naquele exato momento, surgiu um fato novo, que pode comprometer o júri, mas não posso revelar detalhes porque ainda estou ouvindo as testemunhas”, adiantou. Mousinho disse também que amanhã deve convocar uma coletiva à imprensa para relatar o fato.

O promotor comentou ainda se antes ele já estava recorrendo da decisão dos jurados, agora após o surgimento desse fato novo ele está convencido que o júri tem que ser anulado. “Só falta ouvir mais uma testemunha. Caso o que ocorreu nos bastidores do julgamento seja confirmado, o júri será anulado, por uma questão processual, independente do mérito da questão, se foi crime passional ou duplo homicídio”, explicou.

Pela manhã, a reportagem da Folha viu entrar no prédio do Ministério Público Estadual, no bairro do Poço, em Maceió, vários jurados que participaram do julgamento dos quatro seguranças de PC Farias. Eles não quiseram falar com a imprensa e deixaram a sede do MPE às pressas. O promotor não quis revelar quais foram as testemunhas ouvidas e deixou para dar detalhes sobre os fatos novos, que estão sendo apurados, amanhã.

Tentativa de extorsão

O procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, disse que o dono da ação penal por enquanto é o promotor do caso e que só se manifesta sobre a denúncia de suborno feita pelos delegados Antônio Carlos Lessa e Alcides Andrade, contra o ex-deputado Augusto Farias, depois que receber a representação do presidente do júri, o juiz Maurício César Breda.
“Só posso me manifestar depois que receber essa representação do magistrado que presidiu o júri”, afirmou Jucá. Sobre as prerrogativas de Augusto, ele disse que como o ex-deputado não exerce mais o mandato, não goza de foro privilegiado e deve ser investigado pela Justiça Comum.

Após o julgamento, Breda informou á imprensa que iria encaminha a denuncia de tentativa de suborno contra Augusto ao Ministério Público, para que fosse investigada. O ex-deputado teria usado um jornalista como intermediário de uma tentativa de suborno, para não se indiciado pelos delegados, que conduziram a segunda etapa de investigação sobre o caso e chegaram à conclusão de que não houve crime passional, que PCV e Suzana foram vítimas de um duplo homicídio.

Augusto Farias foi procurado pela reportagem da Folha, em seu prédio na orla de Maceió, mas não quis comentar o assunto. O advogado dele, José Fragoso Cavalcanti, contratado para defender os quatro seguranças, disse que “estão querendo criar um factóide”, ao comentar a denúncia contra o ex-deputado. “Essa denúncia já foi arquivada pela Justiça por falta de prova”, comentou.

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