Mortalidade infantil cai 77% no Brasil desde 90

15 / 09 / 13

Apesar de ter registrado a maior queda, Alagoas continua liderando o ranking

A mortalidade infantil (abaixo de cinco anos) no Brasil caiu 77% entre 1990 e 2012. As informações foram divulgadas pela UNICEF, da ONU, nesta sexta-feira, e constam no Relatório de Progresso 2013 sobre o Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma Promessa Renovada. Segundo a ONU, a queda é mais significativas em todo o mundo no período.

“A redução percentual da mortalidade na infância no Brasil foi maior que a média global, regional, e dos países de renda média. Enquanto no mundo a queda entre 1990 e 2012 teve uma média anual de redução de 2,9%, no Brasil foi de 6,6%”, afirmou a UNICEF em trecho do documento.

Em 1990, a taxa no Brasil era de 62 mortes a cada mil nascidos vivos. Em 2000, essa taxa caiu para 33 óbitos a cada mil nascimentos, e em 2012 o país atingiu a taxa de 14 mortes a cada grupo de mil nascidos. Segundo a UNICEF, o Brasil conseguiu atingir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 4 três anos antes do prazo estabelecido, que era 2015.

A taxa de mortalidade caiu graças a uma combinação de estratégias, lista a ONU: a criação de um Sistema Únicos de Saúde (SUS) com foco na atenção primária de saúde; melhoria no atendimento materno e ao recém-nascido e esforços para prestar assistência às saúde no nível comunitário; melhoria das condições sanitárias; aumento do conhecimento das mães; promoção do aleitamento materno; expansão da imunização e criação de iniciativas de proteção social; como o Bolsa Família.

O relatório, lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) globalmente, examina as tendências no mundo da mortalidade na infância desde 1990, analisa as principais causas de morte de crianças menores de 5 anos e descreve ações nacionais e globais voltadas a salvar vidas de crianças.

Apesar de ter sido o Estado que registrou a maior queda (-83,9), Alagoas continua com a maior taxa de mortalidade infantil do Brasil. Com 30,2 crianças mortas antes de completar um ano, de cada mil nascidas vivas, Alagoas ocupa o 28º lugar no ranking da UNICEF, perdendo para Estados como Maranhão (29), Amapá (24,6), Piauí (23,4), Bahia (23,1) e Paraíba (22,9).

REPERCUSSÃO

“O Brasil se destaca no cenário internacional como um dos países que mais reduziram a mortalidade infantil nos últimos anos”, disse a representante adjunta do Unicef no Brasil, Antonella Scolamiero. Para ela, no entanto, mais do que comemorar, o resultado implica novos desafios para o País. “Ao conquistar esse resultado, (o Brasil) passa à responsabilidade de avançar mais e ajudar outros países a alcançarem resultados relevantes”, afirmou.

Segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos 22 anos, o Nordeste foi a região com maior percentual de queda dentro do Brasil, com 77,5%, passando de 87,3 crianças mortas a cada mil nascidas vivas para 19,6. Os Estados que se destacam são Alagoas (-83,9), Ceará (-82,3), Paraíba (-81), Pernambuco (-80,9) e Rio Grande do Norte (-79,3).
“É um número para que a gente aprenda o que fizemos de correto, possa transferir para outras regiões do Brasil. E aprender com os outros países do mundo o que podemos fazer a mais”, avaliou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Dentre os fatores apresentados como decisivos, estão o foco na atenção primária de saúde, a melhoria no atendimento materno e ao recém-nascido, a promoção do aleitamento materno, a expansão da imunização e a criação de incentivos de proteção social, como os programas de transferência de renda. “Não é à toa que a maior parte dessa redução aconteceu nos últimos dez anos”, disse Padilha.

Para que o ritmo continue, o ministro da Saúde promete que o programa Mais Médicos leve mais atenção profissional tanto a municípios isolados quanto a distritos indígenas. Ele também reconhece que é preciso voltar as atenções ao atendimento a recém-nascidos.

“O grande desafio que temos hoje na atenção primária é melhorar a qualidade dessa atenção, sobretudo a qualidade do neonatal, do parto, e poder expandir as UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) neonatais em todo o Brasil”, afirmou Padilha.

COMPARATIVO INTERNACIONAL

O relatório do Unicef se baseou no monitoramento de 196 países ou territórios. A exemplo de 1990, o Brasil conseguiu ficar com índices superiores à média mundial. Há 22 anos, a média de crianças que morriam com menos de cinco anos era de 90 por mil, contra 62 por mil no Brasil. Hoje, a média mundial é de 48 por mil, contra a marca brasileira de 14 por mil.

Quando ranqueados os países que registraram quedas mais representativas, o Brasil aparece na sétima posição, atrás de Maldivas, Estônia, Arábia Saudita, Turquia, Macedônia e Peru. Com esse indicador, o País conseguiu bater com três anos de antecedência a meta de redução de mortalidade infantil estabelecida pelas Nações Unidas dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A meta brasileira era a de reduzir o número de óbitos para 17,9 por mil até 2015.

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