Nordestinos voltam a sofrer preconceito nas eleições

27 / 10 / 14

Muitos eleitores de outras regiões do Brasil culparam os cidadãos dos Estados do Nordeste pelas mazelas da nação

Mais uma vez a população do Nordeste foi vítima de preconceito durante as eleições presidenciais. No Twitter, muitos eleitores de outras regiões do Brasil culparam os cidadãos dos Estados do Nordeste pelas mazelas da nação. Em virtude dos xingamentos contra os nordestinos, até uma página foi criada para reunir as publicações de ódio.

O tumblr “Esses Nordestinos” reuniu algumas mensagens publicadas ontem, durante a divulgação dos resultados das eleições, que apontavam maioria de votos para a candidata do PT Dilma Rousseff, que teve votação expressiva nos estados do Nordeste. “Gente, esses nordestinos tudo pobre acha que a Dilma vai aumentar o bolsa família deles”, disse no Twitter a internauta Bruna. “Se esses nordestinos sem água não ferrarem tudo”, disse outro internauta, sem lembrar que o Estado de São Paulo é que vive a pior crise hídrica da história.

Outro internauta relacionou a crise da falta de água com o governo Dilma e chamou os moradores do nordeste de “desgraçados”. “Esses nordestinos desgraçados parecem que não sabem que a culpa da falta de água é da lazarenta da Dilma”, disse mais um crítico dos nordestinos.

Os xingamentos são variados, mas geralmente associam o voto do eleitor nordestino aos programas sociais promovidos pelo governo do PT nos últimos anos. Alguns apagaram as ofensas, pois a discriminação pode render processo judicial e até prisão. Em 2010, logo após a eleição da presidente Dilma, a estudante de direito Mayara Petruso foi envolvida em uma polêmica após defender a morte dos nordestinos por causa do resultado eleitoral.

Mesmo apagando o post, ela foi denunciada por outros usuários e condenada em 2013 por discriminação. “A Constituição proíbe tais condutas a fim de que o preconceito – fato social – seja um dia passado e deixe de existir […]. É importante que a sociedade seja conscientizada quanto à neutralidade que as questões de diferenças entre as pessoas devem envolver, não sendo a origem, a religião, o gênero, a cor de pele, a condição física, a idade etc. motivo para atitudes agressivas”, diz a sentença.

Mayara disse que não é preconceituosa e que não teve a intenção de ofender os nordestinos. A estudante foi condenada a 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão, mas teve a pena convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa.

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