Potências e Irã chegam a acordo nuclear inédito

14 / 07 / 15

Em troca, o país se livra das sanções que sufocam a economia

Depois de quase dois anos de intensas e difíceis negociações, seis potências mundiais chegaram finalmente a um acordo com o Irã para limitar o programa nuclear do país.

O acordo com Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha foi fechado em Viena, na Áustria. As potências estabeleceram metas para impedir que o Irã tenha a capacidade de construir uma bomba atômica nos próximos 15 anos. Em troca, o país se livra das sanções que sufocam a economia.

Os detalhes desse acordo vão ser divulgados em uma entrevista coletiva com os negociadores, mas as agências de notícias já adiantaram alguns pontos. Os inspetores da ONU terão acesso às instalações nucleares do Irã, mas esse acesso pode ser questionado pelo Irã. O embargo de armas continua por cinco anos e as sanções sobre o programa de mísseis balísticos por mais oito anos. Esse era um dos pontos mais sensíveis das negociações. Se houver violação do acordo, as sanções econômicas podem ser retomadas em 65 dias.

Esse acordo pode trazer muitas consequências para a região. A reação poderia ser de alívio, porque teoricamente – pelo menos por 15 anos – é menos um país com a bomba atômica, nessa região onde tudo explode com muita facilidade, mas o primeiro-ministro de Israel é o maior crítico desse acordo. Ele foi inclusive pessoalmente falar isso ao Congresso americano e agora, com acordo fechado, Benjamin Netanyahu disse que é um erro histórico, um mau acordo. Fez um certo drama, com um apelo à oposição israelense por união em um momento, segundo ele, crucial para o futuro da segurança de Israel e disse palavras duríssimas, para serem ouvidas pelo mundo inteiro: “Foram feitas concessões de longo alcance em áreas que deveriam impedir o Irã de fabricar uma arma nuclear; o Irã vai receber centenas de bilhões de dólares e com isso terá mais combustível para a sua máquina de terror”. São as palavras do primeiro-ministro de Israel, inimigo declarado do Irã, um país que não admite, mas que também não nega possuir a bomba nuclear.

O acordo foi fechado e agora os diplomatas precisam levar o acordo para casa e saber se ele vai ser de fato aprovado e aceito pelos líderes e parlamentares que vão colocar suas assinaturas.

Nos Estados Unidos, isso não vai ser tão simples. Barack Obama vai tentar convencer o Congresso a aprovar o texto, mesmo sabendo que muitos parlamentares vão reclamar do fato de não estar previsto o fechamento da maior usina nuclear iraniana, entre outros itens que desagradam a oposição republicana, fortemente ligada a Israel. Se não aprovarem, de qualquer forma, Obama pode aceitar o custo político e conseguir vetar o veto do Congresso para aprovar o acordo.

No Irã, o presidente Rouhani aprovou o acordo. Ele disse que era uma crise desnecessária que finalmente foi resolvida. Apesar de ter o apoio discreto do aiatolá Ali Khamenei, lider supremo do Irã, ele vai enfrentar muita oposição de políticos linha-dura que não queriam nenhum tipo de concessão.

Fora isso, ainda existe muita margem para desacordos pelo caminho, já que as sanções econômicas só vão ser suspensas depois que inspetores da ONU comprovarem que o Irã está cumprindo com o que foi assinado em Viena.

Finalmente, depois de mais de uma década de tensão, dois anos de negociações nervosas, existe um acordo. Ele é histórico, e agora – mais importante do que tudo – é preciso saber se vai se cumprir esse acordo. Mas isso é uma história completamente diferente.

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