Campanha de Davi Filho é bancada por Bolsonaro

13 / 11 / 20

Candidato do PP recebeu quase R$ 2 milhão do PSL para tentar barrar a vitória dos Calheiros em Maceió

A campanha de Davi Davino Filho é bancada, majoritariamente, pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que já repassou R$ 1,7 milhão para o candidato do PP à prefeitura de Maceió. De acordo com dados do TSE, esse repasse, feito no dia 16 de outubro, representa quase 74% do total de recursos capitados pelo candidato. Ou seja, do total de R$ 2.299.790,00 recebidos por Davi Filho exatos 73,92% vieram de um só doador: o Diretório Nacional do PSL, partido presidido pelo atual presidente da República.

Mesmo assim, Davi Filho não faz nenhuma menção do apoio de Bolsonaro à sua campanha para prefeito. A ajuda do PSL nacional, apesar de vultosa, é ignorada solenemente. Isso acontece porque o candidato do PP sabe que popularidade do presidente está em baixa e são poucos aqueles que se arriscam utilizá-lo como cabo eleitoral. Levantamento feito, recentemente, pelo jornal O Estado de São Paulo mostrou que, nas capitais, os candidatos apoiados por Bolsonaro vão mal nas pesquisas.

O aval do repasse milionário de Bolsonaro à campanha de Davi Filho é do deputado federal Arthur Lira (PP), líder do bloco político conhecido como “Centrão” e principal articulador do governo na Câmara Federal. Em conversas com amigos, Lira tem dito que Bolsonaro vai fazer de tudo para tentar barra a vitória do candidato dos Calheiros. Além disso, ele quer dar o troco ao senador Renan Calheiros (MDB), que derrotou seu pai, o ex-deputado Benedito de Lira, na disputa pelo Senado, nas eleições de 2018.

Somados os repasses do PSL nacional e do PSL local, Davi Filho recebeu do partido de Bolsonaro cerca de R$ 2 milhões. Com essa ajuda, o candidato do PP tem esbanjado dinheiro na campanha e crescido nas pesquisas eleitorais, pulando do quarto para o terceiro lugar nas intenções de voto do eleitorado. Além disso, tem azeitado o discurso contra seu principal adversário, o candidato Alfredo Gaspar (MDB), que conta com o apoio do governador Renan Filho (MDB) e do prefeito Rui Palmeira (sem partido).

Quando se apresenta no guia eleitoral, Davi Filho faz questão de colocar a culpa das mazelas da cidade “aos Calheiros”. No entanto, há anos o partido do senador Renan não administra Maceió. O último candidato apoiado pelos Calheiros a vencer uma disputa eleitoral na capital foi o saudoso Djalma Falcão, que tinha como vice-prefeito o ex-deputado José Costa (outro emedebista histórico). Mesmo sabendo disso, Davi tenta responsabilizar o governador Renan Filho por eventuais erros da gestão de Rui à frente da Prefeitura.

Como se não bastasse, até pouco tempo atrás, Davi Filho era só elogios à gestão de Renan Filho. Além disso, na Assembleia Legislativa do Estado, Davi Filho faz parte da bancada governista. Como deputado estadual, ele sempre votou com o governo e vinha até então participando de eventos governistas, fazendo elogios explícitos ao governador. Um desses elogios vem sendo exibido na tevê, no guia eleitoral do candidato do MDB, para mostrar suas contradições.

Numa solenidade recente, relacionada à UPA do Jacintinho, Davi Filho faz elogios rasgados à gestão de Renan Filho e diz que o governador tem feito um excelente trabalho à frente do governo do Estado. Para os articuladores da candidatura de Alfredo Gaspar, os ataques de Davi Filho, querendo relacionar os Calheiros aos oito anos da gestão de Rui Palmeira, não passam de fake news, pois não correspondem à verdade. Até porque, nas eleições deste ano, não está em jogo o governo do Estado, mas sim a Prefeitura de Maceió.

ASSEMBLEIA

Outro apoio que Davi Filho vem recebendo mas faz questão de ocultar, a exemplo da ajuda de Bolsonaro, é do deputado estadual Marcelo Victor, presidente da Assembleia. Lançado candidato à prefeitura de Maceió por Marcelo Victor, quando ninguém de peso bancava sua candidatura, Davi até agora não apresentou nenhuma imagem ou depoimento associado seu nome ao nome de Marcelo Victor. Seria porque a imagem da Assembleia é mais suja que “pau de galinheiro” ou porque o presidente da Casa já respondeu por homicídio?

Uma coisa é certa, o alvo de Bolsonaro em Maceió é candidato Alfredo Gaspar, não só por seu pulso firme no combate ao crime organizado, mas principalmente pelo apoio do governador Renan filho e do senador Renan Calheiros à sua candidatura a prefeito. A sorte dos Calheiros, cuja gestão estadual é elogiada até pela ONU, é que o presidente da República, pelas besteiras que fez, tem se revelado um péssimo cabo eleitoral. Por isso, Davi Davino foge da imagem de Bolsonaro como o tinhoso foge da cruz.

MATÉRIA DO ESTADÃO:

Candidatos apoiados por Bolsonaro nas capitais derrapam em pesquisas

Passados dois anos da onda que elegeu governadores, senadores e deputados, a associação ao nome do presidente Jair Bolsonaro deixou de ser uma vantagem eleitoral na disputa pelas prefeituras das principais cidades do Brasil. Nas dez maiores capitais do País a maior parte dos candidatos ligados ao bolsonarismo está no pé da tabela das intenções de voto ou tem escondido a figura do presidente para evitar a queda nas pesquisas.

Em Manaus, Porto Alegre, Belo Horizonte, Belém, Curitiba e Salvador os candidatos associados ao presidente não chegam aos dois dígitos nas sondagens mais recentes. Em São Paulo, Bolsonaro foi retirado do jingle da campanha de Celso Russomanno (Republicanos), embora, na sexta-feira, tenha se encontrado com o candidato. No Recife, o presidente sumiu da campanha de seus aliados. Em Fortaleza, o líder das pesquisas, Capitão Wagner (PROS), agradece ao aceno feito pelo presidente, mas se define como “independente”.

No berço político de Bolsonaro, o Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) colou sua imagem à do presidente e foi recebido para um café da manhã na sexta-feira. Mas enfrenta dificuldades na campanha e corre o risco de ficar fora de um eventual segundo turno. Além do mau desempenho da maior parte de seus aliados, Bolsonaro procurou intensificar sua participação nas campanhas municipais e gravou vídeos para aliados como Crivella e Russomanno.

Pesquisas do Ibope mostram que a taxa de reprovação do presidente é maior que a de aprovação em oito das dez maiores capitais brasileiras.

Por Estadão.
Em 31 de outubro de 2020.

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