Secretariado: PDT avisa que não aceita “sobras”

26 / 12 / 20

Base do partido questiona papel de Davi Maia na formação do primeiro escalão do prefeito eleito de Maceió

“Não estão considerando o PDT como deveriam considerar”. Foi o que disse o ex-presidente do Sindicato dos Policias Federais de Alagoas, Jorge Venerando, que faz parte da base do PDT no Estado. Segundo ele, as indicações do partido para as principais secretarias, como Saúde e Educação, estão sendo vetadas. Nomes como da ex-prefeita Kátia Born e do ex-secretário Jurandir Boía, cogitados para a pasta da saúde, foram rejeitados.

Venerando questiona também o poder de decisão do deputado estadual Davi Maia (DEM), que coordena a equipe de transição do prefeito eleito João Henrique Caldas, o JHC (PSB). “Entendo que o Davi Maia não deveria ter esse papel de decidir as indicações”, opinou Venerando. Para ele e o grupo denominado ‘PDT Raiz’, o partido não pode se contentar com secretarias menores, enquanto as pastas de maior visibilidade e orçamento são ocupadas por outros partidos.

A participação do PDT e demais partidos no governo JHC vem sendo discutida nos bastidores, entre o prefeito eleito JHC, o coordenador da transição Davi Maia e senador Rodrigo Cunha (PSDB). A definição dos nomes que irão compor o primeiro escalão passa pelos três. O ex-governador Ronaldo Lessa só participou da última reunião, realizada no final de semana passado, porque a relação entre o partido e a coordenação da equipe de transição tinha azedado.

A disputa por cargos do primeiro escalão entre os aliados de JHC começou logo depois do segundo turno, mas vinha sendo mantida sob controle, até ganhar repercussão nas mídias sociais, com especulações sobre o descontentamento de Lessa com prefeito eleito. Falou-se até em “traição”. As críticas partiram de integrantes do ‘PDT Raiz’ e da base do partido. O alvo era o mesmo: o deputado Davi Maia, que coordenou a campanha de JHC e agora coordena a equipe de transição.

ALMOÇO E ABRAÇOS

Para colocar um banho de água fria nessa “briga” e acabar com as especulações, JHC e Lessa almoçaram juntos no último domingo (20/12), quando teriam definido a participação do PDT na prefeitura de Maceió. A notícia do almoço foi divulgada nas mídias sociais, pela assessoria do prefeito eleito, com o objetivo de apaziguar os ânimos entre pedetistas e a coordenação da equipe de transição.

“Não será dessa vez que o prefeito eleito e o vice-prefeito estarão fora de sintonia gestão, em Maceió”, assegurou uma fonte fidedigna ligada ao PSB. “Eles almoçaram e definiram os espaços de Lessa na gestão e se abraçaram muito”, acrescentou essa fonte. Revelando ainda que “o próprio ex-governador deverá assumir uma secretaria municipal de grande porte, para acomodar seus apadrinhados”.

Tudo indica que a pasta oferecida a Lessa tenha sido da infraestrutura, mas o ex-governador ainda não decidiu se assume uma secretaria ou se mantêm como vice-prefeito, indicando outros nomes de sua confiança. Uma coisa é certa, a participação do PDT no governo JHC passa pela liderança de Lessa e será dele a indicação de nomes para pelo menos duas secretarias, além de outros cargos de diretoria.

DÍVIDA DE 200 MILHÕES

O espaço de cada partido aliado e até de partidos que só participaram da campanha no segundo turno será definido por JHC. “É dele a palavra final”, afirmou um de seus assessores diretos. Segundo essa fonte, o prefeito eleito tem dito que a hora é de união entre os aliados e que seu secretariado será mais técnico que político. As especulações e críticas, segundo essa mesma fonte, têm sido atribuídas à demora na divulgação dos nomes, mas as escolhas estão sendo feitas.

“Finalizada a análise técnica da administração, principalmente quanto a dívida pública do município, que deve passar dos R$ 200 milhões, a equipe de transição irá apresentar seu relatório ao prefeito. Com base nesses dados e nas indicações dos partidos, JHC deverá finalizar a formação do governo, com o fechamento dos nomes para o primeiro escalão”, explicou o interlocutor.

O próximo passo será a divulgação do secretariado. Com a definição do primeiro escalão, os indicados irão escolher seus diretores, de acordo com a estrutura de cada pasta. Ainda não se sabe se o prefeito eleito vai manter as atuais 14 secretarias, os seis órgãos da administração direta e as três superintendências. Entre as superintendências, a mais cobiçada é a SMTT, que movimenta um orçamento considerado de grande porte.

INDICAÇÕES DOS ALIADOS

Enquanto JHC mantém em sigilo seu secretariado, que deverá ser anunciado depois do Natal, as especulações continuam. O deputado estadual Davi Maia, por exemplo, teria indicado o irmão, Marcelo Maia, para o cargo de secretário municipal de Governo. Além de Elder Maia, para a pasta da Educação. A bronca dos pedetista com Maia é exatamente essa: o deputado é cotado para ter o maior espaço na gestão JHC.

As definições de nomes passam também pelo senador Rodrigo Cunha, que deve ficar com pelo menos duas grandes secretarias. No entanto, ninguém sabe ao certo qual o espaço que cada partido aliado terá na gestão JHC. “Somente depois dessas reuniões que estão sendo feitas com os partidos, JHC irá definir a divisão dos cargos que serão cruciais para que sua gestão tenha um bom desempenho”, concluiu esse assessor do PSB, que tem acompanhado de perto essas negociações.

Segundo ele, até partidos que fizeram oposição à candidatura de JHC, como o PP, MDB, PSC, entre outros, estariam se aproximando do novo gestor com o objetivo de participar do governo ou como se quisessem emplacar secretários. Falam até em “ajudar a nova gestão da Prefeitura de Maceió”.

MAIS TÉCNICO QUE POLITICO

O próprio JHC, em conversas com jornalista, diz que não descarta nenhuma ajuda e admite que busca apoio de todos os setores da sociedade. Por isso, faz questão de frisar: a equipe de secretários será técnica.

Em entrevista à imprensa, questionado sobre a possibilidade de montar um secretariado apenas com indicações dos partidos que o apoiaram nas eleições de 2020, ele deixou uma dúvida no ar: “Os novos secretários não serão necessariamente dos partidos que me apoiaram. Estou montando uma equipe que goste de gente e de técnicos”.

JHC admite, contudo, que precisa e vai batalhar pelo apoio dos 25 vereadores de Maceió. Ele repetiu que está conversando com todas as lideranças, partidos aliados e vereadores eleitos. Só depois de ouvir todo mundo é que ele vai bater o martelo e definir o secretariado.

A formação da equipe passa também pela eleição na Câmara e depende ainda da proposta feita por ele a um vereador reeleito para assumir uma secretaria municipal, abrindo com isso uma vaga para o primeiro suplente assumir.

O vereador Francisco Sales (PSB) teria recebido o convite para assumir uma pasta, abrindo espaço para o médico cardiologista Cleber Costa (PSB) assumir sua vaga na Câmara. Mas Sales ainda não aceitou a proposta e continua articulando uma chapa para a presidência da Câmara.

MENSAGEM DE NATAL

Na mensagem de Natal a seus eleitores e demais maceioenses, o prefeito eleito JHC fez a seguinte reflexão:
“Estamos vivendo momentos de muitos desafios, de dificuldades, porém de muitas oportunidades. A gente tem muitas restrições e desafios enormes a enfrentar. Vivemos uma situação de guerra, por conta da pandemia do coronavírus, e agora estamos numa segunda onda da Covid-19. A gente tem que atuar de forma criativa, buscar alternativas e forma a vencer estes obstáculos. Queremos garantir uma melhor infraestrutura de saúde pública, fazer as intervenções necessárias no transporte público, resgatar a economia municipal, criando oportunidades principalmente nas áreas de maior vulnerabilidade social”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *