Morre o jornalista Bernardino Souto Maior

11 / 04 / 21

Ele estava há quase um mês internado, na UTI de um hospital de Fortaleza (CE)

Notícia triste. Morreu no domingo, 11 de abril, em Fortaleza, no Ceará, o jornalista Bernardino Souto Maior, 72 anos. Pernambucano de nascimento, alagoano de coração. Ele lutava contra o coronavírus há quase um mês, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Fortaleza (CE). Lutou bravamente, com toda garra; teve algumas melhoras, mas seu quadro se agravou de quinta-feira para cá, e ele não resistiu.

A triste notícia foi divulgada pelas redes sociais, como a família vinha mantendo os amigos informados sobre o estado de saúde dele. Nos últimos dias, não eram boas as notícias, seu quadro piorou. Mas ele lutou pela vida até o quanto pode, tinha uma vontade enorme de se recuperar, mas a Covid-19 foi mais forte e o levou.

“Quando botei o pé na estrada dessa vida, o Bernardino Souto Maior já era um repórter consagrado. Polêmico, mas de luta. Dizia, carinhosamente, o saudoso Freitas Neto, da mesma geração dele, que se tratava de um jornalista compulsivo pelo volume de informações que colhia”, escreveu o jornalista Marcelo Firmino.

Obstinado pela notícia, Bernardino era um caçador de “furos” de reportagens. Começou na profissão muito cedo e nunca mais deixou o jornalismo. Era um apaixonado pela profissão que abraçou até os últimos dias de vida. Trabalhou em praticamente todos os jornais de Alagoas e foi correspondente de vários veículos nacionais.

“Tinha o faro apurado para notícia, nos seus bons tempos de reportagem”, destacou Marcelo Firmino. “Entre erros e acertos, como qualquer ser humano na vida, o Bernardino estará do lado das boas almas. Foi um cidadão solidário aos amigos e um verdadeiro amante do jornalismo”.

“Que vá em paz. E seja luz onde estiver”, desejou o jornalista Marcelo Firmino, no portal de notícia ÉAssim. Ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), Firmino lembrou que o saudoso Freitas Neto costumava dizer que o “Bernardino não era um repórter, mas uma agência de notícias”.

“Era isso mesmo, enquanto esteve no batente: era uma notícia atrás da outra”.

ASSESSOR DO ‘CACHORRO CHORÃO’

Trabalhei com Bernardino na redação do saudoso Jornal de Alagoas e sempre admirei a sua “fome” de notícia. Via nele o espírito do verdadeiro repórter que não descansa, não sossega, enquanto não tiver a manchete do jornal.

Quando eu iniciei na profissão, ele já era um jornalista consagrado, reconhecido e temido. Tinha a língua afiada e tratava a informação com apreço, porque sabia da importância dela. Tinha a consciência da força da sua escrita.

Fiquei sabendo por meio dele, da amizade que ele tinha com meu pai. Depois conversando com meu pai, fiquei sabendo que o Bernardino tinha sido assessor de imprensa do nosso cachorro Johnson, que chorava toda vez que tocava a música “Vida Minha”, com Altemar Dutra.

Foi Bernardino quem convenceu meu pai Arlindo Rodrigues – à época, dono de um bar no Jaraguá, reduto da boemia – a levar o nosso cachorro Johnson para se apresentar no Programa Flávio Cavalcante, da TV Tupi. No Rio de Janeiro, início dos anos 70. Meu pai não queria ir. Achava que ia pagar mico. Mas de tanto o Bernardino insistir, terminou indo.

Viajaram, mas com uma condição: que do Rio meu pai fosse também para São Paulo, onde visitaria minha avó Lili, mãe dele. Fez essa exigência, para ver se Bernardino desistia da viagem. Para sua surpresa, o tinhoso jornalista conseguiu, com a produção do programa Flávio Cavalcante, as passagens (ida e volta) do Rio para São Paulo.

A apresentação do “cachorro chorão” no quadro “Fora de Série”, do Programa Flávio Cavalcante, foi um sucesso, impressionante. Tanto que a produção da apresentadora Cidinha Campos entrou em contato com Bernardinho e fez o convite para o Johnson se apresentar no programa dela, em outra emissora de TV. Salvo engano, a TV Excelsior.

No programa ‘Cidinha Livre’, a apresentação do “cachorro chorão” foi ainda mais impactante. Ela convidou o cantor Altemar Dutra para cantar ao vivo, na frente do cachorro e de meu pai, ali no palco. Altemar ficou surpreso e impressionado: foi ele começar a cantar “Vida Minha” e o cachorro se derramar em lágrimas, chorando copiosamente.

Na volta para casa, já em Maceió, a imprensa toda repercutiu o sucesso do “cachorro chorão”. Johnson era um cão de raça misturado com vira-lata, pelo baixo, todo preto, com um delta branco no peito. Foi foto da capa dos jornais locais e destaque nos principais programas de auditório do País. Johnson só não foi se apresentar no Programa do Chacrinha porque havia uma rivalidade muito grande entre os dois apresentadores, e o Flávio Cavalcante exigiu exclusividade.

Bernadinho só conseguiu levar a atração para o programa da Cidinha porque a produção do Flávio Cavalcante permitiu, até porque seria gravado para apresentar quase um mês depois da aparição do “cachorro chorão” no “Fora de Série”. Isso mostra, de certa maneira, a habilidade do Bernardino, como jornalista, comprova o “faro” apurado que ele sempre teve como repórter.

*Com informações do portal ÉAssim.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *