Jornalista José Ramos Tinhorão morre, aos 93 anos

06 / 08 / 21

Acervo do pesquisador e crítico musical reúne discos, livros e periódicos raros

Autor: Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil - Rio

Morreu, na última terça-feira (3/8), o jornalista, crítico musical e pesquisador José Ramos Tinhorão, de 93 anos. Ele estava internado há dois meses, com pneumonia, e a saúde combalida pela idade e por um acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu há três anos. O sepultamento será nesta quarta-feira (4), às 13h, no Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe, em São Paulo.

A morte do jornalista foi confirmada pela Editora 34, de São Paulo, que editou a maioria dos 20 livros escritos por Tinhorão, entre os quais destacam-se História Social da Música Popular Brasileira, As Origens da Canção Urbana e A Música Popular no Romance Brasileiro.

Em nota, a editora manifestou pesar pela morte de Tinhorão,que classificou de grande crítico e pesquisador da cultura popular e da música brasileira. “Tinhorão publicou, pela Editora 34, 18 títulos: desde Música Popular: Um Tema em Debate, em 1997, até Música e Cultura Popular: Vários Escritos sobre um Tema em Comum, lançado em 2017. Em suas pesquisas, Tinhorão reuniu um importante acervo de discos, partituras, periódicos, livros e fotos, hoje disponível no Instituto Moreira Salles’, diz o texto.

Nascido em Santos (SP), mudou-se para o Rio de Janeiro aos 9 anos de idade. Formado em direito e jornalismo, começou sua vida como jornalista em 1951, na Revista da Semana, na qual assinava os textos como J. Ramos. Em 1952, aos 24 anos, ainda estudante de direito e de jornalismo, foi levado por Armando Nogueira, colega de faculdade, para o Diário Carioca como revisor. Foi nesse jornal que José Ramos ganhou o apelido Tinhorão, que foi incorporado ao nome artístico.

No Jornal do Brasil, onde foi redator do Caderno B, entre os anos de 1975 e 1980, cultivou uma série de inimigos, entre compositores e cantores. Houve polêmicas com Paulinho da Viola, Chico Buarque e Tom Jobim. Tinhorão afirmava que aquele tipo de música não era brasileiro. Além do JB e do Diário Carioca, passou pelas redações dos jornais Última Hora e O Globo, das revistas Veja e Senhor e das TVs Rio, Excelsior e Globo.

Acervo

José Ramos Tinhorão passou mais de 40 anos juntando raridades, entre discos, livros, fotografias, folhetos e periódicos que ajudaram a contar a história de fatos e personagens da música popular brasileira.

Em 2001, vendeu seu acervo ao Instituto Moreira Salles (IMS). Na sede da entidade, em São Paulo, a Coleção Tinhorão começou a ser trabalhada: foi feita a digitalização dos discos de 78 rotações e a catalogação dos livros. Em fevereiro de 2010, a coleção foi transferida para o IMS do Rio de Janeiro, na Gávea.

O acervo acumulado ao longo de décadas por Tinhorão vai muito além da discoteca formada por cerca de 10 mil itens; é a soma de uma grande variedade de coleções indispensáveis aos estudiosos da evolução da cultura urbana brasileira em geral, e não apenas da música popular. Inclui fotos, filmes, scripts (roteiros) de rádio, programas de cinema e teatro, cartazes e uma biblioteca especializada em obras sobre música, crônica e memórias, além de 11 coleções de suplementos literários de jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, publicados a partir da década de 1940.

Completam o acervo fitas de áudio com depoimentos de personalidades, gravações de palestras e programas de televisão de que o próprio Tinhorão participou. No quadro geral, o período histórico coberto vai da segunda metade do século 19 ao final do século 20.

OBTUÁRIO

Morre no Rio, aos 91 anos, ex-presidente da AEB e da Petrobras

Benedicto Moreira ocupou também diversos cargos na esfera federal

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) comunicou, nesta quinta-feira (5), o falecimento de seu ex-presidente Benedicto Moreira. Atual titular do Conselho de Administração da entidade, Moreira morreu ontem (4), de causas naturais, aos 91 anos.

De acordo com a AEB, o comércio exterior brasileiro perde “um dos seus mais importantes ícones, cuja trajetória de vida foi dedicada à defesa de um projeto nacional de comércio exterior desenhado para o desenvolvimento econômico-social e indutor do aumento da produção, da produtividade, da capacitação competitiva e da geração de emprego e renda para o país”.

O atual presidente da associação, Para José Augusto de Castro, disse que a morte de Benedicto Moreira “é uma irreparável perda” e que seu nome “estará assegurado na história de luta para se alcançar um comércio exterior brasileiro sustentável”.

Economista de formação, Moreira foi presidente da Petrobras, secretário do Comércio e secretário-geral da Comissão de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e do Comércio, e secretário-geral do Conselho Nacional do Comércio Exterior (Concex), tendo ainda integrado o Conselho Fiscal da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o Conselho de Política Aduaneira e o Conselho Monetário Nacional. Participou também de conselhos de administração de várias empresas, entre as quais a Perdigão S.A. Comércio e Indústria.

Benedicto Fonseca Moreira presidiu a AEB entre 1998 e 2012, quando assumiu a presidência do Conselho de Administração da entidade. Promoveu debates com representantes de governo e apresentou propostas para remoção de obstáculos ao crescimento do comércio internacional de bens e serviços, lançando a debate um desenho de política de comércio exterior para assegurar condições competitivas e aumentar, diversificar, agregar valor e elevar conteúdo tecnológico à pauta de exportações brasileiras, lembrou José Augusto de Castro.

Restrita à família, a cerimônia de sepultamento foi realizada ontem, no Rio de Janeiro.

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