Morre o músico Nelson da Rabeca, aos 81 anos

22 / 04 / 22

Patrimônio vivo da cultura alagoana, o artista Artista estava internado na área vermelha do HGE, com quadro infeccioso grave e faleceu na manhã de hoje (22/4)

Autor: Ricardo Rodrigues/Com Gazetaweb

Alagoas perde o talento do músico Nelson da Rabeca.

Morre Nelson da Rabeca, patrimônio vivo de Alagoas. FOTO: Renata Baracho/Blog Vidas Anônimas

Morreu, no início da manhã desta sexta-feira (22 de abril), o músico Nelson da Rabeca, aos 81 anos de idade. Considerado patrimônio vivo da cultura alagoana, o artista estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE), onde deu entrada nessa quinta (21), com fortes dores nas pernas e no estômago.

A informação da morte do músico foi divulgada pela assessoria de comunicação do HGE. Segundo a unidade de saúde, Nelson dos Santos estava com um quadro infeccioso grave, recebendo atendimento multidisciplinar na área vermelha.

Ainda de acordo com o Hospital Geral do Estado, o paciente deu entrada às 13h27. Segundo a filha de Nelson da Rabeca, Eliene Duarte, o artista foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marechal Deodoro, mas precisou seguir para o HGE, em Maceió.

“Infelizmente, nosso querido Nelson da Rabeca teve complicações durante a madrugada e não resistiu. Faleceu Nelson dos Santos, o Nelson da Rabeca”, lamentou a filha do artista nas redes sociais.

Legado:

Nelson da Rabeca nasceu no município de Joaquim Gomes, em 1929, mas morava há anos em Marechal Deodoro, onde mantinha sua oficina para fabricação de rabecas – o instrumento musical que o consagrou.

O talento dele demorou para ser revelado. Ele entrou para o mundo artístico aos 54 anos ao ver uma apresentação de violino num programa de televisão. Autodidata, aprendeu sozinho a fabricar e a tocar o instrumento.

Com mais de seis mil rabecas construídas e quatro álbuns na bagagem, um deles lançado em 2018 com o músico suíço Thomas Rohrer, Nelson da Rabeca contava em seus shows e em seus discos com a participação da sua esposa, Dona Benedita, nos vocais.

O talento de Nelson foi reconhecido por ícones da música instrumental mundial, a exemplo do músico alagoano Hermeto Pascoal, que se apresentou com ele em algumas oportunidades. Para o “bruxo dos instrumentos”, como Hermeto é conhecido, Nelson da Rabeca deixa um legado de vida e de arte, que deve ser reverenciado e preservado para sempre.

Além do legado artístico, Nelson da Rabeca deixa uma família numerosa: além da esposa – a cantora Benedita da Silva, que o acompanhava nos shows -, nove filhos, 30 netos, 5 bisnetos e uma legião de fãs pelo Brasil e o mundo.

BIOGRAFIA

Nascido em 1929 no município de Joaquim Gomes, localizado na zona da mata de Alagoas, o rabequista, acordeonista, compositor e luthier alagoano Nelson da Rabeca trabalhou desde cedo no corte de cana-de-açucar, até que, aos 54 anos, construiu e aprendeu a tocar rabeca sozinho, depois de ver um violino num programa de TV.

Durante algum tempo, Nelson alternava sua atividade na lavoura com apresentações aos finais de semana na Praia do Francês, até ser descoberto pelo pesquisador musical paulista José Eduardo Gramani, que divulgou para o Brasil o nome de Nelson da Rabeca e abriu espaço para a gravação do primeiro disco do rabequeiro alagoano, em 1994.

Em dezembro de 2018, Nelson da Rabeca foi condecorado com a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, criada pelo Senado. Ele recebeu a honraria, junto com outros artistas, na primeira edição da comenda, criada por sugestão da senadora Fátima Bezerra (PT/RN), com o objetivo de premiar, todos os anos, artistas e instituições que realizem trabalhos e ações voltadas para a valorização da cultura popular, folclore e saberes tradicionais do povo brasileiro.

ÚLTIMOS MOMENTOS

De acordo com a filha de Nelson da Rabeca, Eliane Duarte dos Santos Silva, ele apresentou uma piora por volta das 4 horas da manhã desta sexta-feira (22/4) e teve a morte confirmada pelo hospital por volta das 5 horas.

Nelson da Rabeca havia completado aniversário há pouco mais de um mês, no dia 12 de março. O artista lutou muito pela sobrevivência, trabalhando como cortador de cana e pequeno agricultor, até conhecer o reconhecimento e melhorar de vida, no início dos anos 90.

A notícia da morte dele ganhou repercussão nacional e muitas postagens de fãs nas mídias sociais. O velório do músico deverá acontecer na casa onde morava com a família, no bairro da Poeira, em Marechal Deodoro. No entanto, até o fechamento desta matéria, ainda não havia previsão para o horário do sepultamento do músico.

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