Demissão de Santoro desagrada governistas

09 / 05 / 22

Para o presidente do Sindifisco, exoneração do secretário causou surpresa no Fisco e ficou sem explicação

Autor: Ricardo Rodrigues

A exoneração de George Santoro da Sefaz desagradou os governistas e pegou de surpresa o fisco alagoano. Para o presidente do Sindifisco, Irineu Torres, a saída dele foi uma surpresa, já que o ex-secretário deveria permanecer no cargo até dezembro de 2022

 

A demissão de George Santoro do cargo de secretário da Fazenda de Alagoas (Sefaz), na última quarta-feira (4/5), desagradou aos governistas ligados ao ex-governador Renan Filho (MDB) e foi vista como surpresa pelo Sindicato dos Trabalhadores no Fisco de Alagoas (Sindifisco).

Santoro estava à frente da Sefaz desde janeiro de 2015 e foi um dos secretários mantidos nos cargos, mesmo com a renúncia de Renan Filho, no início de abril.
Ele foi exonerado pelo governador em exercício, Klever Loureiro, dois dias depois que acabou o prazo de validade do governo provisório, já que desembargador-presidente do TJ/AL deveria deixar o cargo no dia 2 de maio, caso a eleição para o governador-tampão não tivesse sido suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da oposição. Por isso, a mudança na guarda do cofre do Estado deixou os governistas de barbas de molho.
Para o presidente do Sindifisco/AL, Irineu Torres, a saída de George Santoro não era esperada, até porque, no entendimento dele, se o governador-tampão, escolhido pela Assembleia Legislativa de Alagoas, fosse o deputado Paulo Dantas (MDB), dificilmente Santoro seria substituído.

“Se houve influência política ou não, na troca de comando da Sefaz, eu não sei, mas essa mudança pegou a todos de surpresa”, comentou Torres.
Segundo ele, a demissão de Santoro não deve mudar muita coisa na Sefaz, até porque para efetuar mudanças significativas o governo do Estado precisaria da aprovação de leis e para isso teria que contar com o empenho da Assembleia, onde o grupo de Renan Filho tem maioria.

No entanto, como o governo não deu detalhes sobre o que teria motivado a demissão de Santoro, é preciso que o Sindicato esteja atento para evitar surpresas desagradáveis.

Em nota à imprensa, a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) divulgou a exoneração de Santoro e disse apenas que ele seria substituído pelo auditor fiscal Arthur Rogério Ferreira da Mata, servidor efetivo da pasta.

Irmão do ex-deputado federal Marcos Ferreira, o novo secretário ainda não falou sobre o assunto, mas sua indicação pode ter tido o dedo da oposição, já que não estava nos planos dos governistas.

Essa possibilidade foi comentada por alguns assessores diretos do ex-governador Renan Filho, que deixou o governo de Alagoas no dia 2 de abril, com mais de R$ 50 milhões em caixa e Santoro tomando conta do cofre do Estado.

Por isso, para os assessores palacianos, a mudança na Sefaz precisa ser melhor explicada. No entanto, nem Santoro e nem Renan Filho tocou nesse assunto, até para não melindrar o governador provisório.

Em suas redes sociais, Santoro apenas agradeceu a confiança do ex-governador e o apoio dos servidores da pasta, durante sua gestão.

“Tenho muito orgulho ter implementado, na minha gestão à frente da Sefaz, o primeiro programa compliance da administração direta do país. Destaco também a força tarefa de combate às fraudes tributárias estruturadas”, afirmou o ex-secretário em suas mídias sociais.

COMBATE Á SONEGAÇÃO
Segundo ele, o trabalho do GAESF – junto com o Ministério Público Estadual, à Procuradoria Geral do Estado, às Polícias Civil e Militar de Alagoas – recuperou mais de R$ 300 milhões em impostos que seriam sonegados.
O trabalho de combate à sonegação fiscal e à corrupção, em sete anos e 7 meses de sua gestão na Sefaz, resultou em mais de 200 pessoas processadas, 18 auditores presos e investigados; 23 contadores presos e investigados; e 5 auditores fiscais condenados.
PERFIL CARIOCA
Carioca casado com a jornalista Dani Santoro, torcedor do tricolor Fluminense, o ex-secretário George Santoro se diz “um cidadão apaixonado pelo Brasil”.

Atento ao mundo globalizado e às relações corporativistas com a sociedade brasileira, ele comenta notícias nacionais e internacionais sobre o impacto das decisões privadas e governamentais na vida do povo brasileiro.
Semana passada, por exemplo, ele comentou uma notícia publicada pela editoria de economia do Estadão, dando conta que “no coração da terra indígena Cachoeira Seca, no Pará, invasores, grileiros e garimpeiros contam com rede de luz fornecida de forma ilegal pela Equatorial Energia para cometerem seus crimes. É serviço público em apoio à exploração clandestina das terras indígenas”.
“Impressionante isso! Empresas em geral e principalmente as concessionárias de serviços públicos de deveriam seguir princípios, códigos de conduta e programas de integridade. Se for verdade foi uma falta bem grave”, comentou.

Em outra postagem, em sua página no Twitter, Santoro comenta a manchete “Bolsonaro derruba investimentos em infraestrutura e afugenta estrangeiros”, falando sobre a debandada dos investidores privados internacionais, com relação as grandes obras tocadas a passos de tartaruga pelo governo federal.

“Gringos sumiram! Focam em instituições seguras, segurança jurídica e estabilidade política”, avalia Santoro.
O ex-secretário postou também, no último final de semana, o jingle oficial do ex-presidente Lula, que começou a circular pelas mídias sociais logo após o lançamento da pré-candidatura do petista à Presidência da República, nas eleições deste ano.

Com isso, demostra total sintonia com o ex-governador Renan Filho (MDB), no apoio à campanha de Lula pelo retorno do petista ao Palácio do Planalto.

Coincidentemente, quando recebeu o cartão vermelho e foi exonerado do cargo, semana passada, Santoro tinha acabado de postar apoio à pré-candidatura de Lula, o que pode ter desagradado a ala do governo provisório que defende a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em Alagoas, além do ex-presidente Fernando Collor (PTB), bolsonarista de carteirinha, Bolsonaro conta com o apoio do deputado federal Arthur Lira (PP) e do senador Rodrigo Cunha, pré-candidato ao governo do Estado, pelo União Brasil.

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