Webb abre as portas do universo para descobertas inimagináveis

15 / 07 / 22

Telescópio mais potente da NASA inicia busca por estrelas primitivas, planetas habitáveis e galáxias distantes

Autor: Joey Roulette/Reuters

O primeiro pacote de imagens do poderoso telescópio espacial James Webb, colocado em órbita pela NASA, abriu um novo capítulo da exploração cósmica, mas astrônomos dizem que as descobertas com mais consequências do observatório podem ser as que eles ainda não imaginam.

Galáxias distantes em colisão, exoplanetas gasosos gigantes e sistemas estrelares moribundos foram os primeiros objetos celestiais capturados pelo observatório. Sua gama de recursos de imagem infravermelha foi colocada em exibição colorida, provando que o telescópio opera como planejado.

A galeria das fotos do Webb e seus dados espectográficos, ainda preparando o telescópio para ciência operacional, também previu várias áreas de investigação para o futuro.

A agenda de pesquisa inclui explorar a evolução das primeiras galáxias, o ciclo de vida das estrelas, a busca por planetas habitáveis orbitando sóis distantes e a composição de luas em nosso próprio sistema solar externo.

Mas as descobertas mais revolucionárias do Webb, cem vezes mais sensível que seu predecessor de 30 anos, o ainda operacional Hubble, podem acabar sendo descobertas acidentais ou respostas a perguntas que os astrônomos ainda não fizeram.

“Quem sabe o que vem pela frente para o JWST (sigla do telescópio). Mas tenho certeza que vamos ter muitas surpresas”, disse René Doyon, principal investigador de um dos instrumentos do Webb, no Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, em Maryland, onde a agência apresentou as primeiras imagens coloridas do observatório.

Com o Webb em funcionamento sete meses após seu lançamento em dezembro, astrônomos estão se preparando para “algo que nunca imaginamos que estaria lá”, disse John Mather, astrofísico sênior da Nasa e vencedor do prêmio Nobel, cujo trabalho durante os anos 1990 ajudou a consolidar a teoria do Big Bang.

Mather e outros cientistas apontaram para a matéria escura, uma armação cósmica invisível e pouco entendida, mas influente à teoria, como enigma que o Webb pode desvendar durante a missão.

Da mesma maneira, o Hubble abriu todo um novo campo de astrofísicos dedicados a outro fenômeno misterioso, a energia escura, após a observação de supernovas levar à descoberta inesperada de que a expansão do universo está acelerando.

Juntas, os cientistas estimam que a energia escura e a matéria escura representem 95% do universo conhecido. Todas as galáxias, planetas, poeira, gases e outras matérias visíveis nos cosmos compõem apenas 5%.

(Reportagem de Joey Roulette em Greenbelt)

PRIMEIRAS IMAGENS

As primeiras imagens do telescópio espacial James Webb foram reveladas nesta semana, mas sua jornada de descoberta cósmica está apenas começando.

Webb apontará seus instrumentos para estrelas distantes como Earendel, vistas aqui em uma imagem do Hubble.

Webb apontará seus instrumentos para estrelas distantes como Earendel, vistas aqui em uma imagem do Hubble

Galáxias primitivas, estrelas distantes, exoplanetas… um comitê de especialistas determinou o curso do primeiro ano de descobertas do Webb a partir de uma seleção de projetos de cientistas de todo o mundo.

As primeiras estrelas e galáxias 

Um dos principais propósitos do telescópio é o estudo da fase primordial da história cósmica, pouco depois do ‘Big Bang, que aconteceu há 13,8 bilhões de anos.

Quanto mais longe os objetos estão de nós, mais tempo a luz demora para chegar. Contemplar o universo distante é olhar para o passado profundo.

“Vamos olhar para aquele tempo mais primordial para ver as primeiras galáxias que se formaram na história do universo”, explicou o astrônomo Dan Coe, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, especializado no universo primitivo.

Descrição dos diferentes tipos de exoplanetas.

Descrição dos diferentes tipos de exoplanetas – Foto: Jonathan Walter  

Até agora, os astrônomos rastrearam 97% do caminho de volta ao Big Bang, mas “só vemos essas pequenas manchas vermelhas quando olhamos para essas galáxias muito distantes”.

No entanto, isso também mudará graças ao Webb. “Enfim poderemos ver o interior dessas galáxias e do que são feitas”.

As galáxias de hoje têm a forma de espirais ou elipses. Em vez disso, os primeiros blocos eram “grumosos e irregulares”. O novo observatório deve revelar estrelas mais velhas e mais vermelhas nesses blocos, semelhantes ao nosso Sol, até então invisíveis ao Hubble, o telescópio antecessor do Webb.

REPORTAGEM

Notícias/Reuters

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