Ricardo Rodrigues

Nunes – um chargista genial

Alagoas perdeu esta semana seu mais genial chargista: Nunes Lima. Mestre Nunes, jornalista de boa cepa, sagaz, irônico, de traço fino e afiado. Se no traço criou personagens geniais, tipos populares os mais diversos, nas crônicas publicadas na Gazeta – na coluna “A Vida sem Retoque” -, mestre Nunes dava um show. Com a sutileza que lhe era peculiar, e aquele olhar curioso, escrevia as crônicas mais interessantes da imprensa alagoana. Nunes era capaz de dizer com poucas palavras, gravadas dentro de um balão, aquilo que o povo gostaria de dizer. Ele falava a língua do povo. Dizia tão bem o que era para ser dito, que encantava e arrebanhava leitores, mesmo assim ainda sofreu censura e ingratidões. Mas sempre manteve a dignidade. Nunca, jamais se dobrou. Era coerente com o que fazia e tinha suas convicções, dava valor aos princípios éticos e morais. Nunes, era acima de tudo um amigo, um bom companheiro e um excelente jornalista, chargista de mão cheia. Dos bons. Além disso, era um homem cordial, cortez, educado, simples e cheio de vida. Era um cara super legal. Gostava de contar casos, ouvir estórias, lembrar fatos pitorescos. Lembro-me tomando uma cerveja com ele no Bar do Bartolomeu, na Praça do Montepio dos Artistas, na década de 90, quando eu trabalhava no Jornal de Alagoas e ele na Gazeta, e a gente se encontrava – Bartolomeu Dresh, Fernando Araújo, Roberto Vila Nova e Valmir Calheiros com seu inseparável amendoim – para jogar conversa fora. Nunes gostava de tomar um conhaque por nome de Domeq, de tanto tomar esse tal conhaque – sempre com moderação – ele dizia que já estava se sentido um “funcionário do MEC”. O “Pessoa”, como diria Petrúcio Vilela, era mesmo um gozador. Fazia gozação até com ele mesmo.

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