Antônio

A banalização da violência

Todos os dias ao ler os jornais, ouvir o rádio no carro e ver os noticiários na televisão, sou bombardeada por fatos sobre violência muito maiores no Brasil do que em países em guerra no Oriente Médio, na África e na América Latina. Pessoas próximas são assaltadas e roubadas diariamente, alguns já foram, inclusive, seqüestrados. Nas esquinas, vejo crianças se drogando, nas calçadas, jovens se prostituindo e, as favelas, cada vez maiores e mais próximas. A violência já chegou a tal ponto que evito sair de casa o máximo possível – rua só em caso de extrema necessidade. Estou com medo, acuado, sou um prisioneiro. O pior é que esta violência que nos atinge cotidianamente passa a fazer parte da nossa rotina.Outro dia, vi uma manifestação onde 700 cruzes foram colocadas na praia de Copacabana no Rio de Janeiro para denunciar 700 mortes que haviam ocorrido em 70 dias na cidade, ou seja, 10 mortes por dia desde o início do ano. Pais e familiares de vítimas fundam ONGs sobre a paz e tentam seguir suas vidas sem o ente querido. Alguns defendem a redução da maioridade penal; os Direitos Humanos já não sabem mais para qual ser humano dirigir os seus esforços, se para os assassinos ou para os assassinados; o governo com uma grande parte de seu contingente de policiais corrompidos pelos grandes marginais já não sabe mais em quem confiar… Ou seja, vivemos o caos total. Mas diante de todos esses fatos, o que hoje impressiona mais é a banalização dessa violência e sua conseqüente aceitação como se fosse algo normal. A vida humana ficou desvalorizada. Já estou começando a me acostumar com esta nova realidade, que já não comove e nem choca mais, de tão próxima, presente e cotidiana que, mesmo sem querer, passou a fazer parte da minha vida e, pelo andar da carruagem, assim será pelo resto dela.O gradual processo de insensibilização decorrente da banalização da violência é preocupante. Como diz Cristopher Lasch, os meios de comunicação em massa facilitam “a aceitação do inaceitável”. Eles terminam por amortecer o impacto emocional dos acontecimentos, neutralizando a crítica e os comentários. A violência ganha cada vez mais ares de normalidade e naturalidade, além de estar alcançando uma crescente “aceitabilidade” social. A inevitabilidade tem gerado atitudes do tipo: “deixa rolar”; “não tem jeito mesmo”; “super normal”; “deixa assim para ver como é que fica”. Dessa forma, podemos constatar que a saturação de programas violentos provoca perda de sensibilidade, “brutalizando” as pessoas a longo prazo. A psicanalista Raquel Soiler alerta que as crianças podem estar sofrendo de “televisiosis”. O principal distúrbio desse mal seria uma síndrome de neurose, cujos sintomas são a mania de perseguição, a fobia e a desordem mental. Cada vez mais é intransferível a responsabilidade dos pais sobre o que seus filhos assistem diariamente na TV.

ALAGOAS MOSTRA A SUA CARA,TODOS CONTRA A VIOLÊNCIA JÁ

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